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Faça uma Viagem na história da Musica Brasileira

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Anos 50

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Ary Evangelista Barroso, filho de João Evangelista Barroso e Angelina de Resende Barroso, fica órfão ainda menino e passa a ser criado pela avó, Gabriela Augusta de Rezende, e pela tia, Rita, que o ensina a tocar piano.

Aos 12 anos, começa a trabalhar como pianista auxiliar no cine Ideal, em Ubá. Aos 17, recebe uma herança do tio Sabino Barroso, ex-ministro da Fazenda, e muda-se para o Rio de Janeiro com a intenção de estudar advocacia. Começa a faculdade, mas acaba gastando todo o dinheiro em restaurantes, bebidas e roupas.

No ano seguinte, é reprovado e, já sem dinheiro, tem de trabalhar: faz fundo musical para filmes mudos no cine Íris, no largo da Carioca. Em 1923, passa a tocar com a orquestra do maestro Sebastião Cirino, na sala de espera do teatro 
Carlos Gomes.

Em 1926, Ary consegue voltar para o curso de direito, mas não abandona a atividade de pianista, oferecendo-se para tocar em bailes e festas. Dois anos depois, é contratado pela orquestra do maestro Spina, de São Paulo, para uma temporada em Santos e Poços de Caldas. Durante os oito meses de viagem, compõe várias músicas.

Volta para o Rio em 1929. "Vamos Deixar de Intimidade" é gravada pelo amigo e colega de faculdade Mário Reis e transforma-se no primeiro sucesso de Ary Barroso. Ele conclui o curso de direito e compõe a marcha "Dá Nela". Inscrita no concurso de 
músicas carnavalescas da Casa Edison para o Carnaval de 1930, a música obtém o primeiro lugar. Com o prêmio (cinco contos de réis), Ary paga algumas dívidas e se casa com Ivone Belfort de Arantes.

Em 1931, produz várias composições para o teatro musicado. Em junho daquele ano, o teatro Recreio encena a revista "É do Balacobaco". A música "Na Grota Funda", de Ary, com letra do caricaturista J. Carlos, é parte do espetáculo. Na estréia, Lamartine Babo, encantado com a música, resolve escrever outra letra para a melodia. Assim nasce "No Rancho Fundo", lançada dias depois no programa que Lamartine comandava na Rádio Educadora do Rio.

Em 1932, Renato Murce convida Ary para trabalhar na Rádio Philips. Além de pianista, Ary se torna locutor esportivo, humorista e animador. Em 1934, depois de ter ido à Bahia como pianista da orquestra de Napoleão Tavares, ele cria na Rádio Cosmos (São Paulo) o programa "Hora H". Compõe "Na Batucada da Vida" (regravada por 
Elis Regina em 1974).

No ano seguinte, leva seu programa para a Rádio Cruzeiro do Sul (Rio de Janeiro) e compõe "Inquietação", lançada por Sílvio Caldas naquele ano (e regravada por Gal Costa em 1980).

Em 1937, Ary lança outro programa na Cruzeiro do Sul: "Calouros em Desfile" (que, nos anos 1950, será levado para a TV Tupi). O programa exige que os candidatos cantem somente música brasileira e anunciem o nome dos compositores. Nele se apresentarão, entre outros, Angela Maria e Lúcio Alves.

Ary estréia na Rádio Tupi em 1938, como comentarista, humorista, ator e locutor. Compõe "Na Baixa do Sapateiro" (gravada por Carmen Miranda) e chama a atenção do mundo com a trilha sonora do desenho animado "Você Já Foi à Bahia?", de Walt Disney.

"Aquarela do Brasil" é lançada em 1939 no espetáculo "Joujoux et Balangandans", de Henrique Pongetti. Aquele samba-exaltação, de melodia extensa, apoiado em grande orquestra, conquista o mercado internacional e faz sucesso no Brasil na gravação de Francisco Alves. Ele abre com estes versos, dentre os mais famosos da música popular brasileira: "Brasil/ Meu Brasil brasileiro/ Meu mulato inzoneiro/ Vou cantar-te nos meus versos/ O Brasil, samba que dá/ Bamboleio que faz gingar/ O Brasil do meu amor/ Terra de Nosso Senhor/ Brasil!/ Brasil!/ Pra mim./ Pra mim."

Em 1944, Ary vai conhecer os EUA e compõe "Rio de Janeiro" para o filme "Brasil". Fica oito meses lá, ganhando mil dólares por semana e compondo a canção-tema do filme "Três Garotas de Azul". No ano seguinte, volta à América do Norte para musicar o filme "O Trono das Amazonas", que teria 18 composições suas mas não chega a ser concluído (por causa da morte do produtor).

Nas eleições de 1946, candidata-se a vereador na Guanabara pela União Democrática Nacional (UDN) e tem a segunda maior votação da Câmara do então Distrito Federal (só perde para 
Carlos Lacerda). Em seguida, participa ativamente da escolha do local onde se construirá o Maracanã.

Aurora Miranda (irmã de Carmen) grava "Risque" em 1952, mas é na voz de Linda Baptista que esse samba-canção obterá sucesso. Naquele mesmo ano, Ary compõe "Folha Morta", gravada por Dalva de Oliveira em Londres (para a Odeon) e lançada no Brasil com estrondoso sucesso. Quatro anos depois, a música é regravada por 
Jamelão, na Continental.

A princípio, Ary Barroso não gosta da Bossa Nova, mas isso não o impedirá de colocar "A Felicidade" (
Tom Jobim e Vinicius de Moraes) entre as dez melhores músicas populares de todos os tempos.

Ary Barroso e 
Heitor Villa-Lobos se encontram no palácio do Catete em 1955, para receber a Ordem do Mérito, concedida pelo presidente Café Filho. Em 1957, Ary é homenageado com o espetáculo "Mr. Samba", produzido por Carlos Machado e montado na boate Night and Day (Rio de Janeiro); o roteiro faz alusão à biografia de Ary, utilizando as próprias composições dele.

Em 1961, Ary adoece de cirrose hepática e vai morar num sítio em Araras (RJ). No ano seguinte, parcialmente restabelecido, retoma o programa "Encontro com Ary" (TV Tupi), transmitido aos domingos. Em 1963, é internado com nova crise de cirrose. Recupera-se no Natal, mas volta a ser internado e morre na noite de 9 de fevereiro de 1964, um domingo de Carnaval, no momento em que a escola de samba Império Serrano entra na avenida com o enredo "Aquarela do Brasil". Em homenagem ao compositor, faz-se um minuto de silêncio.

Anos 50

foto: divulgação


Elizete Moreira Cardoso nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de Julho de 1920. 7/5/1990. Nasceu em São Francisco Xavier, perto do morro de Mangueira; o pai, seresteiro, tocava violão e a mãe gostava de cantar. Pouco antes de completar seis anos estreou cantando no rancho Kananga do Japão; aos oito já cobrava ingresso (10 tostões) da garotada da vizinhança para ouvi-la cantar os sucessos de Vicente Celestino. Cedo precisou trabalhar e, entre 1930 e 1935, foi balconista, peleteira, funcionária de uma fabrica de saponáceos e cabeleireira, ate ser descoberta, na festa de seu 16º aniversario, por Jacó do Bandolim, que a convidou para fazer um teste na Rádio Guanabara. Apesar da oposição inicial do pai, apresentou-se em 18/8/36 no Programa Suburbano, ao lado de Vicente Celestino, Araci de Almeida, Moreira da Silva, Noel Rosa e Marília Batista. Na semana seguinte foi contratada para um programa semanal da mesma rádio.

Depois, passou pela Rádio Educadora, programa Samba e Outras Coisas, e por outras emissoras do Rio de Janeiro. Mas, como os salários eram baixos, no começo de 1939 começou a fazer shows em circos, clubes e cinemas, apresentando um quadro com Grande Otelo, que se repetiria por quase dez anos: Boneca de piche (Ari Barroso e Luís Iglesias). O sucesso das apresentações e seu talento de passista lhe valeram o convite para ingressar como sambista em uma companhia de revista, onde conheceu Ari Valdez, com quem se casou no final de 1939.

O casamento durou pouco, resolveu então trabalhar em boates como taxi-girl, atividade que exerceria por muito tempo. Em 1941, tornou-se crooner de orquestras, chegando a ser uma das atrações do dancing Avenida, que deixou em 1945, quando se mudou para São Paulo para cantar no Salão Verde e para apresentar-se na Rádio Cruzeiro do Sul, no programa Pescando Humoristas.

Regressou ao Rio de Janeiro em meados de 1946 e voltou a atuar no Avenida como crooner da orquestra de Dedé, com quem rompeu rapidamente, passando a cantar em outros dancings. Em 1948, foi contratada pela Rádio Mauá para o programa Alvorada da Alegria; mas logo a seguir transferiu-se para a Rádio Guanabara. Em 1950, graças a Ataulfo Alves, gravou pela primeira vez na Star, cantando Braços vazios (Acir Alves e Edgard G. Alves) e Mensageiro da saudade (Ataulfo Alves e José Batista), mas não chegou a ter êxito: o disco foi logo tirado de circulação por defeitos técnicos. O sucesso veio na segunda gravação, realizada na Todamérica em 1950, com a música Canção de amor (Chocolate e Elano de Paula), tendo no outro lado do disco o samba Complexo (Wilson Batista). O grande êxito de Canção de amor levou-a a Rádio Tupi e, em 1951, a uma participação no primeiro programa de televisão no Rio de Janeiro (TV Tupi) e nos filmes Coração materno, de Gilda de Abreu, e É fogo na roupa, de Watson Macedo. Ainda em 1951, foi contratada pela Rádio Mayrink Veiga e pela boate Vogue, e gravou um dos seus maiores sucessos, Barracão (Luís Antônio e Oldemar Magalhães). Em 1952, além de atuar no filme O rei do samba, de Luís de Barros, gravou Maus tratos (Bororó e Dino Ferreira) e Nosso amor, nossa comédia (Erasmo Silva e Adolar Costa). Em 1953 participou do show Feitiço da Vila, na boate Casablanca, no Rio, estreando-o em São Paulo no ano seguinte, quando foi contratada pela Rádio e TV Record. Ainda em 1954, deixou a Rádio Tupi e foi para a TV Rio; logo depois gravou seu primeiro LP pela Todamerica e apresentou-se no Uruguai.

No ano seguinte, trabalhou em outro filme, Carnaval em lá maior, de Ademar Gonzaga, e lançou seu primeiro LP, Canções a meia-luz com Elizeth Cardoso (Continental). Passou, em 1956, para a gravadora Copacabana, onde lançou a maior parte de seus grandes sucessos.

Em 1957, lançou dois LPs pela Copacabana: Fim de noite e Noturno. Em 1958, trabalhou nos filmes Na corda bamba, de Eurides Ramos, Com a mão na massa, de Luís de Barros, e Pista de grama, de Haroldo Costa. Nesse mesmo ano, lançou na etiqueta Festa o LP Canção do amor demais, disco considerado inaugural da bossa nova, pois era todo dedicado as musicas de Tom Jobim e Vinícius de Morais, alem do acompanhamento ao violão de João Gilberto em Chega de saudade e Outra vez. Em 1959, gravou para o filme Orfeu do Carnaval, de Marcel Camus, as canções Manha de Carnaval e Samba de Orfeu. No inicio da década de 1960, estreou o programa Nossa Elizeth, na TV Continental, do Rio de Janeiro. Em fevereiro de 1960, após o lançar o disco Magnifica, foi contratada pela Rádio Nacional, no programa Cantando pelos Caminhos. Em seguida, lançou o disco Sax voz e apresentou-se em Buenos Aires e em Portugal; na volta lançou um dos LPs mais vendidos em toda sua carreira, Meiga Elizete. Em 1961, aproveitando o sucesso dos discos anteriores, lançou Meiga Elizeth n.º 2, e Sax voz n.º 2, sem muita repercussão se comparados ao LP Elizeth interpreta Vinícius (1963). A 16 de novembro de 1964, após lançar o quinto disco da serie Meiga Elizeth, deu um importante recital no Teatro Municipal, de São Paulo, interpretando as Bachianas brasileiras n.º 5 (Villa-Lobos), e, em março do ano seguinte, participou do espetáculo Rosa de ouro, que deu origem ao LP Elizeth sobe o morro, um marco da discografia brasileira.

Ainda em 1965, em agosto, iniciou na TV Record, de São Paulo, o programa Bossaudade, que teve grande êxito por quase dois anos. Terminou o ano de 1965 participando do espetáculo Vinícius, poesia e canção, no Teatro Municipal de São Paulo. Em 1966, participou da delegação brasileira ao Festival de Arte Negra, em Dacar, Senegal, e no ano seguinte lançou pela Copacabana o LP A enluarada Elizeth, com participação especial de Pixinguinha, Cartola, Clementina de Jesus e Codo. Em fevereiro de 1968 realizou no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, um espetáculo com o Zimbo Trio, Jacó do Bandolim e seu conjunto Época de Ouro; o show, produzido por Hermínio Bello de Carvalho para o Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro, foi gravado ao vivo em 2 LPs. Ainda em 1968, realizou com o Zimbo Trio uma longa excursão pela América Latina para divulgar a MPB. Um ano depois gravou Sei lá, Mangueira (Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho), foi convidada pela OEA para participar, com o Zimbo Trio, do Festival Interamericano de Musica Popular, em Buenos Aires, realizou shows nas boates Blow-Up, em São Paulo, e Sucata, no Rio de Janeiro, lançando o LP Elizeth e Zimbo Trio balançam na Sucata, e, por fim, já no final do ano, estreou novo show no Sucata, com mais um disco gravado ao vivo: É de manhã. Participou de uma tourneé pelos EUA, em abril de 1970, junto com o Zimbo Trio e, no ano seguinte, lançou dois LPs com Silvio Caldas, onde cada um canta alguns dos sucessos do outro. Em 1973, apresentou o programa Sambão, pela TV Record, de São Paulo, que ficou cerca de um ano e meio no ar.

Em 1974 foi homenageada pela Escola de Samba Unidos de Lucas, que obteve o segundo lugar no desfile com o tema Mulata maior, a Divina, e teve sua interpretação de Carolina (Chico Buarque) incluída no filme francês O jogo com o fogo, de Alain Robbe-Grillet. No inicio de 1975 apresentou-se com imenso sucesso em Paris, no Festival do Mercado Internacional de Discos e Editoras Musicais (MIDEM). No ano seguinte, passou a apresentar o programa Brasil Som 7, na TV Tupi de São Paulo, e lançou Elizeth Cardoso, ainda pela Copacabana. Em setembro de 1977 fez uma tourneé pelo Japão, onde gravou o LP Live in Japan (Global Records). Em 1978, realizou sua segunda excursão pelo Japão, gravando um LP duplo ao vivo, lançado apenas em 1982 pela Victor. De volta ao Brasil, lançou o álbum duplo A cantadeira do amor, o ultimo pela Copacabana, gravadora na qual lançou 31 LPs e 25 discos 78 rpm. Em 1979, na Som Livre, lançou O inverno de meu tempo. Ainda em 1979, em uma produção de Hermínio Bello de Carvalho, apresentou-se com a Camerata Carioca, dirigida por Radamés Gnattali; inaugurando uma parceria que se estenderia ate suas ultimas gravações.

Em 1980, após excursionar pela Argentina, percorreu o Brasil com o Projeto Pixinguinha da Funarte, e em dezembro estreou, no Teatro João Caetano, o espetáculo Vida de artista, que deu origem ao LP Elizethissima (Som Livre). Em 1981 participou do Projeto Seis e Meia e do Projeto Pixinguinha. No inicio de 1982 estreou no Rio de Janeiro o espetáculo Reencontro e lançou seu terceiro LP pela Som Livre: Outra vez. Em 1983 apresentou-se com a Orquestra de Câmara do Recife e, depois, com a Camerata Carioca, no show Uma rosa para Pixinguinha, na Funarte do Rio de Janeiro, o que lhe rendeu um LP, lançado poucos meses depois. No ano seguinte estreou no Rio de Janeiro o espetáculo Leva meu samba, promovido pela Funarte, em homenagem aos 15 anos da morte de Ataulfo Alves, levou o espetáculo para o Nordeste e, depois, para São Paulo, onde o show foi gravado pelo selo Eldorado, mas lançado apenas em maio de 1985.

Em 1986, em comemoração aos seus 50 anos de carreira, estreou no Scala do Rio de Janeiro o espetáculo Luz e esplendor e lançou um disco de mesmo nome, pela Arca Som. Em agosto de 1987, com o Zimbo Trio, o Choro Carioca e Altamiro Carrilho, realizou sua terceira e mais longa excursão pelo Japão, quando descobriu que estava com câncer.

Em janeiro de 1988 participou da gravação de um disco com a obra de Herivelto Martins, lançado em 1993 pela Funarte: Que rei sou eu?. Ainda em 1988, foi a grande ovacionada no 1º Prêmio Sharp de Musica, e, depois, participou do projeto Som do meio-dia, ambos no Rio de Janeiro. Em 1989, ao lado de Rafael Rabelo, apresentou-se novamente no projeto Seis e meia, no Teatro João Caetano, e realizou suas ultimas gravações: Ari amoroso (LP brinde de uma fabrica de moveis) e Todo sentimento, lançado em 1991 pela Sony Music. Em 1994, Sérgio Cabral lançou Elizeth Cardoso, uma vida, Ed. Lumiar, RJ. Elizeth Cardoso lançou mais de 40 LPs no Brasil e gravou vários outros em Portugal, Venezuela, Uruguai, Argentina e México. Durante quase sete décadas de vida artística, interpretou quase todos os gêneros, tendo-se fixado no samba, que cantava com extraordinária personalidade, o que lhe valeu vários apelidos como A Noiva do Samba-Canção, Lady do Samba (pelo seu donaire ao cantar) e outros como Machado de Assis da Seresta, Mulata Maior, A Magnifica (apelido dado por Mister Eco), a Enluarada (por Hermínio Bello de Carvalho). Nenhum desses títulos, porem, se iguala ao criado por Haroldo Costa e que permaneceu para sempre ligado ao seu nome – A Divina. Faleceu em 07 de Maio de 1990. 

Anos 50

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Dolores Duran, nome artístico de Adiléia Silva da Rocha, (Rio de Janeiro, 7 de junho de 1930 — Rio de Janeiro, 23 de outubro de 1959) foi uma cantora e compositora brasileira.
Adiléia Silva da Rocha era filha de um sargento da Marinha. Começou a cantar muito cedo e recebeu seu primeiro prêmio aos dez anos de idade, no programa "Calouros em Desfile", de 
Ary Barroso. Suas apresentações no programa tornaram-se frequentes, fixando-a na carreira artística. Quando Adiléia tinha 12 anos seu pai faleceu e, a partir de então, teve que sustentar a família, cantando em programas de calouros e trabalhando no rádio como atriz.
A partir dos 16 anos adotou o nome artístico Dolores Duran. Autodidata, cantou músicas em inglês, francês, italiano e espanhol, a ponto de 
Ella Fitzgerald lhe dizer que foi na voz dela que ouviu a melhor interpretação que já havia ouvido de My Funny Valentine, um clássico da música norte-americana.
No final da década de 1940, Dolores estreou na Rádio Nacional, tendo sido contratada para se apresentar ao lado de nomes como 
Chico Anysio e Angela Maria. Em 1951, teve um relacionamento amoroso com João Donato, que não foi em frente devido à oposição da família do rapaz, então com 17 anos, enquanto Dolores tinha 21.
A estréia de Dolores em disco foi em 1952, gravando dois sambas para o Carnaval do ano seguinte: Que bom será (
Alice ChavesSalvador Miceli e Paulo Marquez) e Já não interessa (Domício Costa e Roberto Faissal). Em 1953, gravou Outono (Billy Blanco), e Lama (Paulo Marquez e Alice Chaves). Dois anos depois, vieram as músicas Canção da volta (Antonio Maria e Ismael Neto), Bom querer bem (Fernando Lobo), Praça Mauá (Billy Blanco) e Carioca (Antonio Maria e Ismael Neto).
Em 1955, casou-se com o radioator e músico Macedo Neto. No mesmo ano, foi vítima de um infarto, tendo passado trinta dias internada em um hospital. Dolores resolveu não seguir as restrições que os médicos lhe determinaram, agravando seus problemas cardíacos que tinha desde a infância, que ao longo do tempo só pioraram, pois abusava de cigarro, fumando mais de 3 maços por dia, e bebida alcoólica em excesso, principalmente vodka e wiskie. Com isso, a depressão passou a marcar a vida de Dolores Duran.
Em 1956, fez sucesso com a música Filha de Chico Brito, composta por Chico Anysio. No ano seguinte, um jovem compositor apresenta a Dolores uma composição dele e de 
Vinícius de Moraes. Tratava-se de Antônio Carlos Jobim (Tom Jobim), no início da carreira. Em três minutos, Dolores pegou um lápis e compôs a letra da música "Por Causa de Você". Vinícius ficou encantado com a letra e gentilmente cedeu seu espaço a Dolores.
Foi revelado a partir daí o talento de Dolores para a composição e grandes sucessos se sucederam, como "Estrada do Sol", "Idéias Erradas", "Minha Toada" e "A Noite do Meu Bem", entre outros.
Dolores passou por uma gravidez tubária (gravidez de alto risco que faz a mãe ficar estéril e perder a criança), interrompendo seu sonho de ser mãe. Em 1958, divorciou-se de Macedo Neto e passou meses na Europa com seu conjunto musical. Em seguida, aqui no Brasil adotou uma menina negra, Maria Fernanda Virgínia da Rocha Macedo, que foi registrada por Macedo Neto, mesmo ele estando divorciado de Dolores e a menina não ser nada dele. A mãe biológica de Maria Fernanda Virgínia havia falecido após o parto. O pai, por sua vez, foi uma das vítimas da pior tragédia em trens suburbanos do Rio de Janeiro.
A partir daí compôs, durante seus dois últimos anos de vida, algumas das mais marcantes músicas da MPB, como Castigo, A Noite do Meu Bem, Olha o Tempo Passando e Estrada do Sol, entre tantas outras.
Em 23 de outubro de 1959, com 29 anos, chegou em casa às 7:00 da manhã. Brincou e beijou muito a filha Maria Fernanda Virgínia, já com 3 anos, na banheira. Em seguida, passou os últimos cuidados à empregada Rita: "Não me acorde. Estou cansada. Vou dormir até morrer", disse brincando. Ao chegar no quarto para dormir, caiu no chão, em um infarto fulminante. Quando empregada chegou ao quarto, tinha uma corda de violão arrebentada, foi onde Dolores segurou ao cair no chão.
A morte prematura de Dolores Duran rompeu uma trajetória vivida intensa e sensivelmente. A amiga Marisa Gata Mansa levou os últimos versos de Dolores e para Ribamar musicá-los. 
Carlos Lyra fez o mesmo sobre os versos inéditos.

Anos 50




"Não quero mais morrer! Nasceu a primavera da minha vida. Ganhei uma filhinha de nome Abigail, a quem chamarei de Bibi. Ela vai cantar, representar e fazer muitas coisas bonitas em um palco", escreveu o ator Procópio Ferreira a um amigo. A profecia não demorou a se realizar.

Bibi fez sua estréia teatral aos 24 dias de vida. Substituiu no palco uma boneca que desaparecera pouco antes do início da peça "Manhãs de sol", escrita por seu padrinho, Oduvaldo Viana (pai), marido da cantora Abigail Maia. Bibi subiu ao palco no colo de sua madrinha, de quem herdara o nome.

A menina cresceu para se tornar uma artista de muitos talentos. Canta, dança, atua, toca piano e violino, compõe, dirige atores e apresenta programas de TV. Aos três anos de idade, estreou como dançarina em Santiago do Chile, com sua mãe, a bailarina Aida Izquierdo. A Companhia de Revista Espanhola Velasco viajou a América Latina inteira. De volta ao Brasil, entrou para o Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Aos nove anos, o Colégio Sion, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro, negou sua matrícula por ser filha de um ator de teatro. Bibi completou o curso secundário no Colégio Anglo-Americano e aperfeiçoou os estudos de balé em Buenos Aires, Argentina, no prestigiadoTeatro Colón.

Aos 14 anos compôs sua primeira valsa ao piano. Em 1941, com 18 anos, foi Mirandolina, em La Locandiera, de Goldoni. Cinco anos depois, Bibi fundava sua própria companhia teatral, em que atuaram Cacilda Becker, Maria Della Costa e Henriette Morineau.

Em sua passagem pela televisão, comandou os programas "Brasil 60", que inaugurou a TV Excelsior, "Brasil 61" (líder de audiência), "Bibi Sempre aos Domingos". Na TV Tupi, "Bibi Especial" e "Bibi ao Vivo", além do "Curso de Alfabetização para Adultos", pelo qual recebeu o prêmio de Melhor Comunicadora, no Festival Internacional da Cultura em Tóquio.

Sua atuação foi antológica em "Gota d'Água", de Chico Buarque e Paulo Pontes. Bibi colecionou sucessos com musicais como "My Fair Lady", em cartaz por três anos, "Alô Dolly" e "Piaf, a Vida de uma Estrela da Canção", que ficou quatro anos em cartaz e excursionou por todo o país e exterior. A última apresentação de "Piaf" foi em Portugal, com elenco português.


Anos 50

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Filha do advogado Jairo Leão e da dona de casa Altina Leão, Nara Lofego Leão foi um dos ícones do movimento musical da década de 60 que ficou conhecido como bossa-nova. Nascida em Vitória (ES), Nara veio ainda criança para o Rio de Janeiro com a sua família, onde foi morar na zona sul, junto com a sua irmã, Danuza Leão, que mais tarde também se destacaria como modelo e jornalista.

Extremamente tímida em sua infância, Nara desistiu de aprender o acordeom, instrumento da moda na época, para se dedicar ao violão, que acabou se tornando o companheiro de toda a sua vida. Um de seus primeiros namorados foi Roberto Menescal, ao qual apresentou o ritmo que estava encantando os Estados Unidos, o jazz.

Entediados com as músicas que estavam sendo feitas no país, Nara e seus amigos começaram a se reunir em sua casa para buscar ritmos diferentes e fazer uma nova música. Estava então definido o ponto de encontro de artistas como Ronaldo Bôscoli e João Gilberto, que, juntamente com outros grandes nomes da música brasileira, criou a bossa-nova. Nara Leão tornou-se a musa daqueles rapazes que queriam fazer músicas com poesias.

Com o aumento do interesse pelo novo ritmo, as apresentações nos apartamentos ficaram pequenas para o crescente público e, assim, começaram as apresentações em universidades e boates. Em sua estréia em um desses grandes shows, Nara ficou tão nervosa que se apresentou de costas para o público.

Noiva do cantor e compositor Ronaldo Bôscoli, Nara rompeu com o músico após saber que o mesmo tivera um caso durante uma viagem pela América do Sul com a cantora Maysa. A sua estréia profissional aconteceu com o musical de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, 'Pobre Menina Rica'. Apesar da superprodução, o espetáculo não fez o sucesso esperado.

O sucesso da garota da zona sul chegou com o lançamento do seu primeiro disco, em 1964, onde a cantora surpreendeu com o resgate de músicas de sambistas como Cartola e Nelson Cavaquinho, e de músicas engajadas, fugindo da temática da bossa-nova, que só tratava de temas como o sorriso, o amor e o mar.

A cantora foi a estrela do show Opinião, ao lado de João do Vale e Zé Kéti, um dos mais aclamados da MPB. Só teve que sair por problemas de saúde, escolhendo a cantora Maria Bethânia para ficar em seu lugar. Logo depois, estreou o espetáculo 'Liberdade, Liberdade', que foi censurado após pouco tempo em cartaz.

A menina tímida, que tinha medo do palco, tornou-se uma mulher com opiniões firmes e contestadoras, chegando a fazer ofensas aos militares em pleno regime militar. "Os militares podem entender de canhão ou de metralhadora, mas não 'pescam' nada de política", disse a cantora em uma entrevista em 1966. Apesar de o então presidente, Arthur da Costa e Silva, querer enquadrá-la na Lei de Segurança Nacional, uma legião de intelectuais saiu em sua defesa, entre eles o poeta Carlos Drummond de Andrade.

Nara Leão foi uma das primeiras cantoras consagradas a apoiar a Tropicália, outro movimento musical que revelou grandes nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Foi também ao cantar 'A Banda', de Chico Buarque, que Nara ganhou o 2° Festival de Música Popular Brasileira.

Após um tempo no exílio na Itália e na França, onde permaneceu casada com o cineasta Cacá Diegues e teve sua primeira filha, Isabel, Nara retornou ao Brasil, onde teve o seu segundo filho, Francisco. Nesta fase, dedicou-se quase que exclusivamente à maternidade e foi estudar psicologia.

Nara Leão retomou aos poucos a sua carreira cantando com amigos e fazendo shows por todo mundo, principalmente no Japão, onde tinha um público cativo. Aos 47 anos, na manhã de 7 de junho de 1989, Nara morreu devido a um tumor inoperável no cérebro.

Anos 50



Sylvia Telles  27/08/1934 falescimento 17/12/1966

Cantora e compositora identificada com a bossa nova, começou a carreira antes de o movimento se consolidar. Já em 1952 pensava em ser cantora. Por volta de 1955 começou a se apresentar em teatros e nesse ano gravou o primeiro compacto, com "Amendoim Torradinho" (Henrique Beltrão) e "Desejo" (Garoto/ José Vasconcelos/ Luiz Claudio). Em 1956 lançou um 78 rotações com "Foi a Noite" (Tom Jobim/ Newton Mendonça), considerado um marco precursor da bossa nova. Na outra face do disco, "Menina", de em Carlos Lyra também iniciante. Um ano depois lançou seu primeiro LP, "Carícia", que trazia "Se Todos Fosse Iguais a Você" (Tom Jobim/ Vinicius) e "Chove Lá Fora" (Tito Madi), entre outras. Com o disco "Amor de Gente Moça", de 1959, tornou-se a primeira cantora profissional a lançar um disco inteiro de bossa nova. O LP continha algumas canções que se tornaria clássicos, como "Dindi" (Tom Jobim/ Aloysio de Oliveira), "A Felicidade" (Jobim/ Vinicius de Moraes) e "Só em Teus Braços" (Jobim). Nos anos 60 viajou pelos Estados Unidos e gravou discos sempre ligados aos compositores de bossa nova. Morreu em um desastre de automóvel quando se preparava para viajar aos EUA mais uma vez.

Anos 50

Durval Ferreira


Compositor carioca

Durval Ferreira, começou estudar violão na adolescência, por conta própria. Na década de 50 fez amizade com músicos como João Donato, Tom Jobim, Eumir Deodato, Johnny Alf, Bebeto Castilho (do Tamba Trio) e especialmente Mauricio Einhorn, que se tornou seu parceiro. Juntos ouviam discos de jazz, estilo que acomplaram ao samba em suas músicas. A primeira composição dos dois a ser gravada foi "Sambop", incluída no disco "Nova Geração em Ritmo de Samba" (1958), de Claudette Soares. Outra intérprete importante foi Leny Andrade, de cujo conjunto fazia parte no início dos anos 60, como guitarrista. Leny gravou várias de suas músicas, como "Estamos Aí" (com Einhorn e Regina Werneck) e "Batida Diferente" (com Einhorn), que mais tarde receberam dezenas de regravações. Também integrou os conjuntos de Ed Lincoln e Sergio Mendes, com quem foi a Nova York em 1962 participar da noite de bossa nova do Carnegie Hall. Gravou ainda com o saxofonista americano Cannonball Adderley e teve músicas gravadas por Wes Montgomery, Sarah Vaughan e Herbie Mann, entre outros. Ainda nos anos 60 tocou com o Tamba Trio e com o grupo Os Gatos em gravações. Mais tarde atuou como produtor nas gravadoras Philips e CID. Outras composições de sucesso foram "Tristeza de Nós Dois" (com Einhorn e Bebeto), "Chuva" (com Pedro Camargo), "Samba Novo" (com Newton Chaves), "Diagonal" (com Einhorn) e "Moça Flor" (com Luiz Fernando Freire).

Anos 50

foto: divulgação


Chico Feitosa (Francisco Libório Feitosa), compositor, instrumentista e cantor, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 1/1/1935.

Conheceu 
Ronaldo Bôscoli, seu futuro parceiro, em 1956, e no ano seguinte foi assistente de Vinícius de Moraes na montagem da peça Orfeu da Conceição.

Foi então morar em Ipanema e em 1958 teve sua primeira música gravada por Norma Benguel, Sente (com Ronaldo Boscoli), lançada no LP Oh Norma!, da Odeon.

Nesse mesmo ano, teve outra composição sua gravada pelo Coral Ouro Preto, Fim de noite, música que fez muito sucesso e que lhe valeu o apelido Chico Fim de Noite.

Em 1959, foi trabalhar na revista Sétimo céu e a partir de então participou da maioria dos shows de bossa nova, culminando com o Festival da Bossa Nova realizado em 1962, no Carnegie Hall, em New York, E.U.A., onde cantou Passarinho (com Marcos Vasconcelos).

Nesse mesmo ano, sua música O amor que acabou (com Luís Fernando Freire), foi gravada mo primeiro disco do Tamba Trio. Em 1956 foi uma das principais atrações do show Reação, encenado no Teatro Princesa Isabel, pelo produtor e compositor 
Roberto Jorge.

Em 1966, gravou pela Forma o LP Chico fim de Noite apresenta Chico Feitosa. Até 1968, viveu só de música popular, montando, nesse ano, uma pequena empresa produtora de jingles. Sua música Ye-me-lê (com Luís Carlos Vinhas), foi gravada por Sérgio Mendes no LP do mesmo nome, em 1970. 

Anos 50

foto: divulgação


Ronaldo Fernando Esquerdo Bôscoli (Rio de Janeiro, 28 de outubro de 1928 — 18 de novembro de 1994) compositor, produtor musical e jornalista brasileiro, foi o porta-voz de uma tendência musical que surgia no Brasil: a Bossa Nova.

Bôscoli participa de todo o movimento, traçando um panorama humano e artístico dos grandes nomes da música popular brasileira, todos desmistificados por seu olhar de jornalista e observador da história que se construía.

Ronaldo tinha no sangue o gosto pelo show business e pela música, caminho que percorreu com grande sucesso.

Produtor e diretor de inúmeros espetáculos, foi um dos pais da bossa nova e autor, com
Roberto Menescal, de inúmeros sucessos musicais que até hoje são cantados: O barquinho; Ah! Se eu pudesse; Canção que morre no ar; Lobo bobo; Nós e o mar; Rio; Se é tarde me perdoa; Telefone e Saudade fez um samba, entre outras músicas que ficaram na história e estão presentes no repertório de grandes intérpretes.

Formava com Luiz Carlos Miéle a famosa dupla Miéli e Bôscoli, e foi por muitos anos o diretor de todas as apresentações anuais de Roberto Carlos.

No campo da mulheres também foi sucesso. Seus amores, quase sempre ligados à música, foram 
Nara LeãoMaysa,Elis Regina (com quem foi casado e teve um filho, João Marcelo Bôscoli), Mila Moreira e Heloisa de Souza Paiva, sua segunda mulher.

Contam que, já quase à morte, recebeu a visita de Roberto Menescal no hospital onde se encontrava. Ao entrar no quarto, Menescal ficou arrasado ao ver Ronaldo no fundo da cama, com os braços abertos em cruz — um deles atado ao frasco de soro e o outro, ao de sangue. Mas a saudação de Ronaldo, com voz fraca e sumida, desarmou-o: "Vai de branco ou vai de tinto, Menescal?".

RONALDO BÔSCOLI

Carioca de nascimento (28/10/1928) e descendente de uma família de artistas (era sobrinho-bisneto da compositora
Chiquinha Gonzaga e primo do ator Jardel Filho), começou a trabalhar em 1951 como jornalista esportivo no "Diário da Noite".

A convite de Samuel Wainer foi trabalhar como repórter no "Última Hora", época que iniciou amizade com Vinicius de Moraes, que já havia jogado o seu charme para sua irmã, Lila, com quem se casaria tempos depois.

Amigo de vários músicos e artistas e disposto a trocar as redações pela noite carioca, tornou-se um dos principais agitadores do movimento musical que mais tarde ficaria conhecido como bossa nova.

Produziu com o amigo Mièle o primeiro pocket-show, expressão criada por ele, apresentando, no Little Club, 
Odete Lara com Sergio Mendes e Conjunto.

Organizou e dirigiu dezenas de shows em boates no lendário Beco das Garrafas, onde ganhou o apelido de "O Véio", não só por ser mais velho que a turma de artistas, mas pelo jeito ranzinza e reacionário.

Escreveu sua primeira letra em 1957, "Sente", musicada por Chico Feitosa e interpretada por Norma Benguel no mesmo ano.

Escreveu com 
Carlos Lyra duas canções – "Lobo Lobo" e "Saudade Fez Um Samba" – para o histórico disco "Chega de Saudade", de João Gilberto, lançado em 1959.

Passou a compor com mais freqüência ao lado de um novo e fiel parceiro: Roberto Menescal. Juntos, assinaram vários clássicos da bossa nova, como "O Barquinho", "Nós e o Mar", "Telefone" e "Balançamba”.

Dirigiu mais alguns shows no Beco das Garrafas e programas de televisão, como a última fase do Fino da Bossa, com Elis Regina, na TV Record.

Casou-se com Elis em 1967, com quem viveu uma conturbada relação até o divórcio em 1972.

Durante a década de 1980 seguiu escrevendo programas para a TV Globo e produzindo um show anual de 
Roberto Carlos, mas deixou de ter a mesma influência no cenário musical.

Lutou contra o câncer na próstata. Faleceu em 18/11/1994.

Anos 50

Roberto Menescal


Roberto Batalha Menescal nasceu em Vitória (ES), em 25 de outubro de 1937 e aos 18 anos estreou na música profissio- nalmente acompanhando artistas como Silvinha Telles, Maysa, Elis Regina, etc...

Já no final dos anos 50, mais precisamente em 1958, estourou a carreira de compositor criando ao lado de nomes como Carlos Lyra, Tom Jobim e Ronaldo Boscoli, a Bossa Nova. A partir daí a “batida diferente” do seu violão afinado se tornou mundialmente conhecida. Autor de canções como “O Barquinho”, “Você”, “Nós e o Mar”, dentre outros clássicos, Menescal ajudou a levantar a bandeira do Brasil em todo o mundo. Enquanto nos EUA se produzia jazz, o Brasil exportava o swing da Bossa Nova. Em 1962 participou do famoso Concerto de Bossa Nova no Carniege Hall, em New York.

Em mais de 40 anos de carreira Menescal vem apresentando trabalhos de altíssima qualidade. Além de gravar com importantes nomes como Paul Winter, Toots Thielemans e Herbie Mam, e orquestrar discos de inúmeros artistas como de Maysa, Silvinha Telles, Lúcio Alves, Caetano Veloso, João Bosco e Alcione, Menescal desenvolveu trabalhos como produtor de discos com Elis Regina, com quem trabalhou também como músico e arranjador, Leila Pinheiro, Chico Buarque, Emílio Santiago, Fagner, Gal Costa, Nara leão, Joana, Ivan Lins, Oswaldo Montenegro, entre outros.

De 1970 a 1985, esteve na Polygram Discos como produtor, diretor artístico e gerente geral, de onde saiu para fundar sua própria produtora.

Hoje Menescal é dono da Produtora/Gravadora Albatroz aonde vem produzindo discos com inúmeros artistas da MPB, e brilha nos palcos de todo o mundo com turnês de Bossa Nova.

Em 1998 produziu o CD “Estrada Tokyo-Rio” para o Japão, com músicas suas, ao lado da cantora Wanda Sá, ultimamente sua grande companheira em shows que juntos vêem realizando pelo Brasil e no exterior.

Festejando os 40 Anos de Bossa Nova, Menescal participou de um grande show realizado em Tokyo, Miami e no Rio de Janeiro, na praia de Ipanema, com mais de 20.000 pessoas presentes.

Foi diretor musical e arranjador do espetáculo “Nara – Uma Senhora Opinião”, fazendo também uma importante participação especial. O espetáculo foi sucesso absoluto no Rio de Janeiro onde ficou cinco meses em cartaz, sendo transformado em CD ao vivo, com o Patrocínio da Unimed-Rio e sua produção musical.

Em Julho de 2000 foi realizada uma festa na Casa de Espetáculos GARDEN HALL para o Lançamento do seu primeiro songbook “O melhor de Roberto Menescal”, pela Editora Irmãos Vitale, e do seu CD “Bossa Evergreen” lançado pela gravadora Albatroz, onde Menescal como solista de violão e guitarra, interpreta 14 super clássicos da Bossa Nova.

O grande show contou com a participação de grandes intérpretes da MPB e também amigos de Menescal: Bossacucanova, Carlos Lyra, Cris Delanno, Claudete Soares, Emilio Santiago, Leila Pinheiro, Os Cariocas, Leny Andrade, Wanda Sá, dentre outros.

Em março de 2001 lançou o CD “BOSSACUCANOVA MEETS MENESCAL”, produzido pela turma do selo CUCAMONGA e lançado simultaneamente nos Estados Unidos, Europa e Japão.
Com esse Grupo, do qual faz parte seu filho Marcio Menescal, fez duas tournés por quase toda Europa, participando de shows como na Dinamarca e Holanda, com público de mais de 200.000 pessoas.

EM 2003 gravou com Cris Delanno o CD e DVD “Eu e Cris”.

Em 2004 gravou 3 CD’S para uma série Instrumental Zen, “Bossa Zen”, “Bolero Zen” e “Jazz Zen”.

Em 2005 dirigiu o show “Aquele abraço Rio” para Unimed –Rio. No mesmo ano foi diretor musical e participou também como artista, do projeto “Bossa Nova in Concert”, de Solange Kafuri, apresentado no Canecão (RJ) e na Lagoa Rodrigo de Freitas, com os maiores nomes da Bossa Nova (total de 15 artistas), incluindo Oscar Castro Neves e Eliane Elias. O show foi gravado ao vivo pela EMI e lançado em DVD.

Também em 2005 lançou o DVD “Apenas Bons Amigos” com Wanda Sá e Miéle e realizou turnée com este espetáculo por todo o Brasil.

Em 2006, Roberto Menescal fez a produção musical de diversos CDs pela sua gravadora e participou de inúmeros shows. Neste ano Menescal lançou também dois CDs, o instrumental “Balansamba”, instrumental, e “Swingueira”, com Wanda Sá, e gravou o DVD “Agarradinhos”, com Leila Pinheiro, que será lançado em 2007 na Europa e Japão e no final do ano no Brasil.

Ainda em 2006 ao lado do compositor e cantor Oswaldo Montenegro, Menescal estreou na TV Cultura o programa “Letras brasileiras” com muito sucesso.

Menescal acaba de chegar de duas turnées pelo exterior de muito sucesso. A primeira, covidado de Joyce, em novembro de 2006, com 10 shows no Japão nos Blues Notes de Tokyo e Osawa. A segunda, em janeiro de 2007, com João Donato, Marcos Valle e Wanda Sá, na Austrália, aonde apresentaram cinco shows no Festival de Sydney e em Melbourne.

Também em 2007 Menescal participou do projeto “Era Iluminada” do Sesc Pompéia, com outros artistas, dentre eles, Donato, Joyce e Miucha.

Menescal está gravando a segunda série do programa “Letras brasileiras”, da TV Cultura com Oswaldo Montenegro. Em abril próximo grava, em Belo Horizonte, o DVD dos seus 70 anos com as participações de: Leila Pinheiro, Emilio Santiago, Os Cariocas, Leny Andrade, etc.

No dia 15 de abril o compositor foi homenageado na Flórida, no evento Press Award, Broward Center for the Performing Arts, no Teatro Parker Playhouse. Neste mesmo mês gravou o DVD dos seus 70 anos em Belo horizonte com a presença de Leila Pinheiro, Emílio Santiago, Danilo Caymmi, etc.

domingo, 4 de abril de 2010

Anos 50




OS CAMINHOS DE CARLOS LYRA
SÃO TRILHAS DAS MAIS INSPIRADAS


Quando Tom Jobim afirma que Carlos Lyra é o grande "conhecedor dos caminhos", o mestre não exagera. Excepcional melodista, Lyra nasceu historicamente junto com a bossa nova. As melodias inspiradas resistem ao tempo, mostrando que o verdadeiro caminho é a independência artística. Lyra e a bossa nova praticamente se confundem, mas o autor de Primavera sempre preservou a sua identidade musical. A primeira música de Lyra a ser gravada em LP - Criticando, registrada em 1956 pelo conjunto Os Cariocas - é uma espécie de precursora da clássica Influência do Jazz e já mostrava que o autor manteria sua autonomia em relação à velha bossa, embora a história o colocasse como um dos líderes naturais do movimento (se é que se pode falar em "movimento").

A identidade de Lyra revelou-se nítida logo no primeiro disco, Carlos Lyra - Bossa Nova, lançado em 1959. Uma tal Maria Ninguém já impunha presença ao lado de clássicos como Quando chegares, Menina e Rapaz de bem (foi Lyra o lançador desta composição de Johny Alf). O universo musical de Lyra já não estava restrito aos deliciosos sal, sol e sul cariocas. Ainda que isso ficasse claro somente na segunda e divergente fase do - vá lá - movimento.

A dicotomia que germinava latente entre os bossa-novistas brota mais fortemente a partir de 1961. Neste ano, Lyra lança seu segundo disco com jóias como Minha Namorada, Você e eu e Coisa mais linda. Mas a cabeça (e o violão) já caminhava em outra direção. No mesmo ano, ele é um dos fundadores do Centro Popular de Cultura, o popular CPC, da UNE (União Nacional dos Estudantes). O laço cada vez mais apertado com o teatro e o cinema (que na época era Novo) politiza a obra de Lyra. E nada aconteceu assim tão de repente. Em 1960, ele já havia composto a trilha da peça A mais valia vai acabar, seu Edgar, de autoria do combativo Oduvaldo Vianna Filho. Sem falar na sua posterior atuação junto à diretoria do Teatro de Arena.

Estava pronto o terreno para que Lyra transformasse a bossa do amor, do sorriso e da flor numa música mais pé no chão, em sintonia com uma realidade que já começava a dar os sinais da inconstância política. Lyra entrou logo para a turma dos dissidentes, dos engajados, desafinando todos os coros formados pelos contentes com a estética cool (e já distante naquele momento) do canto e da poesia de João Gilberto e Cia. O terceiro disco de Lyra, lançado em 1963, já trazia Influência do Jazz e Aruanda. O samba deixava o apartamento de Zona Sul para subir o morro. Na contramão, Zé Keti, João do Vale, Nelson Cavaquinho e Cartola iam para o asfalto (e para o CPC) mostrar que nem tudo eram flores no Brasil de 1963 e 1964. Lyra já sabia disso. A consciente Canção do Subdesenvolvido - composta por ele em 1963, em parceria com Chico de Assis - já explicitava uma ideologia incômoda para setores mais conservadores.

O tempo fechou com o golpe militar de 1964 e a saída, para Lyra, foi o auto-exílio. De 1964 a 1971, Lyra esteve fora do Brasil. No exterior, ele percebeu que os dois universos bossa-novistas não eram tão incompatíveis assim.

Tocou com Stan Getz nos Estados Unidos e gravou dois discos no México. E, no entanto era preciso cantar e tocar também no Brasil. De volta a seu país, Lyra regravou seus próprios clássicos. A massa alienada não se esquecia das lindas melodias bossa-novistas, mas a consciência do compositor gritava mais alto. Depois de três discos lançados sem o mesmo impacto de seus antecessores, o autor de Feio não é bonito radicaliza com o incisivo Herói do medo (Continental, 1974) - disco de letras propositalmente dúbias, que tentavam lembrar que, enquanto a multidão driblava a consciência com os gols da seleção e os lances das novelas de televisão, gente era torturada e morta na luta pela democracia. Mas a pressão era grande.

Resultado: um disco censurado e um segundo auto-exílio. Em 1974, Lyra foi para Los Angeles, retornando dois anos depois para cantar em incessantes "shows", as melodias que todos ainda queriam ouvir. O "revival" parece interminável. Não chegava de saudade. Lançado em 1984, o "show" 25 Anos de Bossa Nova dura cinco anos e resulta no homônimo disco ao vivo, nas lojas em 1987. Preso a uma época áurea, Lyra segue repetidas vezes os caminhos elogiados por Tom Jobim. E esses caminhos são, e sempre serão, trilhas das mais inspiradas da música brasileira.

Anos 50



"Se você disser que eu desafino, amor / Saiba que isso em mim provoca imensa dor / Só privilegiados têm ouvido igual ao seu / Eu possuo apenas o que Deus me deu / Se você insiste em classificar / Meu comportamento de antimusical / Eu, mesmo mentindo, devo argumentar / Que isto é bossa nova, que isso é muito natural." Esse é um trecho da letra de "Desafinado", a canção que foi considerada o hino da bossa nova, de autoria de Tom Jobim e Newton Mendonça. Gravada por João Gilberto em 1958, "Desafinado" foi um sucesso imediato.

João Gilberto do Prado Pereira de Oliveira nasceu em Juazeiro, interior da Bahia, e residiu durante algum tempo em Salvador, onde trabalhou como crooner.

Em 1949, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde integrou o conjunto vocal "Garotos da Lua", que fazia apresentações na rádio Tupi. João Gilberto também freqüentava a boate Plaza, reduto do cantor Johnny Alf. Demitido do grupo "Garotos da Lua", por seus hábitos estranhos e seus atrasos freqüentes, João Gilberto passou um período difícil em meados dos anos 1950, sendo socorrido por amigos.

Em 1958, acompanhou Elisete Cardoso na gravação de um LP, que incluía a canção Chega de Saudade, considerada o marco inicial da bossa nova. A voz doce aliada à uma original batida rítmica chamaram a atenção do público.

João Gilberto gravou em seguida um disco 78 rotações com a mesma canção e depois um outro disco que incluía "Desafinado". No ano seguinte, lançou seu primeiro LP (long play), chamado "Chega de Saudade", com arranjos de Tom Jobim, que logo se tornou um grande sucesso.
Em curto espaço de tempo, João Gilberto gravou mais três LPs. A criteriosa escolha do repertório, com compositores como Tom Jobim e Dorival Caymmi, e a interpretação originalíssima das canções deram um destaque sem precedentes a João Gilberto. Logo adquiriu a reputação de genial criador de uma nova forma de compor.

No começo dos anos 1960, com a explosão mundial da bossa nova, João Gilberto transferiu-se para Nova York. Apresentou-se no Carnegie Hall, com grande repercussão, e realizou uma grande quantidade de shows nos Estados Unidos. Em 1964, a gravadora Verve lançou o disco "Stan Getz", com participação de João Gilberto. O disco vendeu mais de um milhão de cópias e ganhou seis prêmios Grammy.

Nos Estados Unidos, João Gilberto gravou muitos discos, alguns lançados concomitantemente no Brasil. Gravou, entre outros, "João Gilberto", "White Álbum" e "Amoroso".

Residiu depois por dois anos no México, onde gravou "João Gilberto en Mexico", um disco de boleros, lançado em 1971. Voltou ao Brasil em 1981, fixando-se no Rio de Janeiro. Fez amizade com grandes figuras da música popular brasileira, como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Chico Buarque. Gravou mais alguns álbuns no Brasil, como "João Gilberto Prado Pereira de Oliveira" e "Eu sei que vou te amar". Em 2000, o compositor lançou o CD "João, Voz e Violão".

Suas raras aparições públicas são disputadíssimas e sua vida pessoal continua cercada de mitos. João Gilberto ainda cultiva a mesma fama de perfeccionista, excêntrico, esquisito e genial.

Anos 50






"São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher..."



O biógrafo de Vinicius, José Castello, autor do excelente livro "Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão - uma biografia" nos diz que o poeta foi um homem que viveu para se ultrapassar e para se desmentir. Para se entregar totalmente e fugir, depois, em definitivo. Para jogar, enfim, com as ilusões e com a credulidade, por saber que a vida nada mais é que uma forma encarnada de ficção. Foi, antes de tudo, um apaixonado — e a paixão, sabemos desde os gregos, é o terreno do indomável. Daí porque fazer sua biografia era obra ingrata.

Dele disse Carlos Drummond de Andrade: "Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural".  "Eu queria ter sido Vinicius de Moraes". Otto Lara Resende assim o definiu: "Manuel Bandeira viveu e morreu com as raízes enterradas no Recife. João Cabral continua ligado à cana-de-açúcar. Drummond nunca deixou de ser mineiro. Vinicius é um poeta em paz com a sua cidade, o Rio. É o único poeta carioca". Mas ele dizia nada mais ser que "um labirinto em busca de uma saída".

O que torna Vinicius um grande poeta é a percepção do lado obscuro do homem. E a coragem de enfrentá-lo. Parte, desde o princípio, dos temas fundamentais: o mistério, a paixão e a morte. Quando deixa a poesia em segundo plano para se tornar 
show-man da MPB, para viver nove casamentos, para atravessar a vida viajando, Vinicius está exercendo, mais que nunca, o poder que Drummond descreve, sem conseguir dissimular sua imensa inveja: "Foi o único de nós que teve a vida de poeta".
Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes aos nove anos de idade parece que pressente o poeta: vai, com a irmã Lygia ao cartório na Rua São José, centro do Rio, e altera seu nome para Vinicius de Moraes. Nascido em 19-10-1913, na Rua Lopes Quintas, 114 — bairro da Gávea, na Cidade Maravilhosa, desde cedo demonstra seu pendor para a poesia. Criado por sua mãe, Lydia Cruz de Moraes, que, dentre outras qualidades, era exímia pianista, e ao lado do pai, Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta bissexto, Vinicius cresce morando em diversos bairros do Rio, infância e juventude depois contadas em seus versos, que refletiam o pensamento da geração de 1940 em diante.

Em 1916, a família muda-se para a rua Voluntários da Pátria, 129, no bairro de Botafogo, passando a residir com os avós paternos, Maria da Conceição de Mello Moraes e Anthero Pereira da Silva Moraes.

No ano seguinte mudam-se para a rua da Passagem, 100, no mesmo bairro. Nasce seu irmão Helius. Com a irmão Lydia, passa a freqüentar a escola primária Afrânio Peixoto, à rua da Matriz.

Em 1920, por disposição de seu avô materno, é batizado na maçonaria, cerimônia que lhe causaria grande impressão.

Após três outras mudanças, em 1922 a família transfere-se para a Ilha do Governador, na praia de Cocotá, 109-A.

Faz sua primeira comunhão na Matriz da rua Voluntários da Pátria, no ano seguinte.

Em 1924, inicia o Curso Secundário no Colégio Santo Inácio, na rua São Clemente. Começa a cantar no coro do colégio nas missas de domingo, criando fortes laços de amizade com seus colegas Moacyr Veloso Cardoso de Oliveira e Renato Pompéia da Fonseca Guimarães, este sobrinho de Raul Pompéia. Participa, como ator, em peças infantis.

Torna-se amigo dos irmãos Paulo e Haroldo Tapajóz, em 1927, com os quais começa a compor. Com eles, e alguns colegas do colégio, forma um pequeno conjunto musical que atua em festinhas, em casas de famílias conhecidas.

Compõe, no ano seguinte, com os irmãos Tapajóz, "Loura ou morena" e "Canção da noite", que têm grande sucesso.  Nessa época, namora invariavelmente todas as amigas de sua irmã Laetitia.

A família volta a morar na rua Lopes Quintas em 1929, ano em que 
Viniciusbacharela-se em Letras no Santo Inácio. No ano seguinte entra para a faculdade de Direito da rua do Catete, sem vocação especial. Defende tese sobre a vinda de d. João VI para o Brasil, para ingressar no "Centro Acadêmico de Estudos Jurídicos e Sociais" (CAJU), tornando-se amigo de Otávio de Faria, San Thiago Dantas, Thiers Martins Moreira, Antônio Galloti, Gilson Amado, Hélio Viana, Américo Jacobina Lacombe, Chermont de Miranda, Almir de Andrade e Plínio Doyle.

Em 1931, entra para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR).

Forma-se em Direito e termina o Curso de Oficial da Reserva, em 1933. Estimulado por Otávio de Faria, publica seu primeiro livro, 
O caminho para a distância, na Schimidt Editora.
Forma e exegese, seu livro de poesias lançado em 1935, ganha o prêmio Felipe d'Oliveira.

Em 1936, substitui Prudente de Moraes Neto como representante do Ministério da Educação junto à Censura Cinematográfica. Publica, em separata, o poema "Ariana, a mulher". Conhece o poeta Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, dos quais se torna amigo.

Em 1938, é agraciado com a primeira bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford, para onde parte em agosto daquele ano. Trabalha como assistente do programa brasileiro da BBC. Conhece, então, na casa de Augusto Frederico Schmidt, o poeta e músico Jayme Ovalle, de quem se tornaria um dos maiores amigos. Instado por outro grande amigo, Otávio de Faria, a se tornar um poeta mais com os pés no chão, e não o "
inquilino do sublime" como, então, o chamou, lança Novos Poemas. Seguindo esta mesma linha, são lançados, posteriormente, Cinco Elegias, em 1943, e Poemas, Sonetos e Baladas, escrito em 1946, que já começam a  mostrar o poeta sensual e lírico, mas, como ele próprio disse, um "poeta do cotidiano".

No ano seguinte, casa-se por procuração com Beatriz Azevedo de Mello. No final desse ano, retorna ao Brasil devido à eclosão da II Grande Guerra. Parte da viagem é feita em companhia de Oswald de Andrade.

O ano de 1940 marca o nascimento de sua primeira filha, Suzana. Torna-se amigo de Mário de Andrade.

Estréia como crítico de cinema e colaborador no Suplemento Literário do jornal "A Manhã", em companhia de Cecília Meireles, Manuel Bandeira e Afonso Arinos de Melo Franco, sob a orientação de Múcio Leão e Cassiano Ricardo, em 1941.

Em 1942, nasce seu filho Pedro. Favorável ao cinema silencioso, 
Vinicius inicia um debate sobre o assunto com Ribeiro Couto, que depois se estende à maioria dos escritores brasileiros mais em voga, e do qual participam Orson Welles e madame Falconetti. A convite do então prefeito de Belo Horizonte (MG), Juscelino Kubitschek, chefia uma caravana de escritores brasileiros àquela cidade, onde se liga por amizade a Hélio Pelegrino, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e Otto Lara Resende.  Juntamente com Rubem Braga e Moacyr Werneck de Castro, inicia a roda literária do Café Vermelhinho, no Rio de Janeiro, à qual se misturam a maioria dos jovens arquitetos e artistas plásticos da época, como Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Afonso Reidy, Jorge Moreira, José Reis, Alfredo Ceschiatti, Santa Rosa, Pancetti, Augusto Rodrigues, Djanira e Bruno Giorgi, entre outros. Conheceu a escritora argentina Maria Rosa Oliveira e, através dela, Gabriela Mistral. Freqüenta as domingueiras na casa de Aníbal Machado. Ainda nesse ano, faz extensa viagem ao Nordeste do Brasil acompanhando o escritor americano Waldo Frank, a qual muda radicalmente sua visão política, tornando-se um antifacista convicto. Na estada em Recife, conhece o poeta João Cabral de Melo Neto, de quem se tornaria, depois, grande amigo.

No ano seguinte, ingressa, por concurso, na carreira diplomática. Publica 
Cinco Elegias em edição mandada fazer por Manuel Bandeira, Aníbal Machado e Otávio de Faria.

Dirige, em 1944, o Suplemento Literário de "O Jornal", onde lança, entre outros, Pedro Nava, Francisco de Sá Pires, Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Marcelo Garcia e Lúcio Rangel, em colunas assinadas, e publica desenhos de artistas plásticos até então pouco conhecidos, como Athos Bulcão, Maria Helena Vieira da Silva, Alfredo Ceschiatti, Carlos Scliar, Eros (Martin) Gonçalves e Arpad Czenes.

Em 1945, um grande susto: sofre grave desastre de avião na viagem inaugural do hidro "Leonel de Marnier", perto da cidade de Rocha, no Uruguai. Em sua companhia estão Aníbal Machado e Moacyr Werneck de Castro. Colabora com vários jornais e revistas, como articulista e crítico de cinema. Escreve crônicas diárias para o jornal "Diretrizes". Faz amizade com o poeta chileno Pablo Neruda.

No ano de 1946, assume seu primeiro posto diplomático: vice-consul do Brasil em Los Angeles, Califórnia (USA). Ali permanece por quase cinco anos, sem retornar ao seu país. Publica, em edição de luxo, com ilustrações de Carlos Leão, seu livro, 
Poemas, sonetos e baladas.
Vinicius, amante da sétima arte, inicia seus estudos de cinema com Orson Welles e Gregg Toland.  Lança, com Alex Viany, a revista Film, em 1947.

Em 1949, João Cabral de Melo Neto tira, em sua prensa manual, em Barcelona, uma edição de cinqüenta exemplares de seu poema 
Pátria Minha.
Visita o poeta Pablo Neruda, no México, que se encontrava gravemente enfermo. Ali conhece o pinto Diogo Siqueiros e reencontra o pintos Di Cavalcanti. Morre seu pai. Volta ao Brasil, em 1950.

No ano seguinte, casa-se, pela segunda vez, com Lila Maria Esquerdo e Bôscoli. A convite de Samuel Wainer, começa a colaborar no jornal "Última Hora", como cronista diário e posteriormente crítico de cinema.

Em 1952, é nomeado delegado junto ao Festival de Punta del Este, fazendo paralelamente sua cobertura para "Última Hora". Terminado o evento, parte para a Europa, encarregado de estudar a organização dos festivais de cinema de Cannes, Berlim, Locarno e Veneza, no sentido da realização do Festival de Cinema de São Paulo, dentro das comemorações do IV Centenário da cidade. Em Paris, conhece seu tradutor francês, Jean Georges Rueff, com quem trabalha, em Estrasburgo, na tradução de suas  
Cinco Elegias. Sob encomenda do diretor Alberto Cavalcanti, com seus primos Humberto e José Francheschi, visita, fotografa e filma as cidades mineiras que compõem o roteiro do Aleijadinho, com vistas à realização de um filme sobre a vida do escultor.

Em 1953, nasce sua filha Georgiana. Compõe seu primeiro samba, música e letra, "Quando tu passas por mim". Faz crônicas diárias para o jornal "A Vanguarda" e colabora no tablóide semanário "Flan", de "Última Hora". Parte para Paris como segundo secretário de Embaixada. Escreve 
Orfeu da Conceição, obra que seria premiada no Concurso de Teatro do IV Centenário da Cidade de São Paulo no ano seguinte, e que teve montagem teatral em 1956, com cenários de Oscar Niemeyer. Posteriormente transformada em filme (com o nome de Orfeu negro) pelo diretor francês Marcel Camus, em 1959, obteve grande sucesso internacional, tendo sido premiada com a Palma de Ouro no Festival de Cannes e com o Oscar, em Hollywood, como o melhor filme estrangeiro do ano. Nesse filme acontece seu primeiro trabalho com Antônio Carlos Jobim (Tom Jobim).

Sai da primeira edição de sua 
Antologia Poética. A revista "Anhembi" publicaOrfeu da Conceição, em 1954.

No ano seguinte, compõe, em Paris, uma série de canções de câmara com o maestro Cláudio Santoro.  Começa a trabalhar para o produtor Sasha Gordine, no roteiro do filme 
Orfeu negro. Volta ao Brasil em curta estada, buscando obter financiamento para a realização do filme. Diante do insucesso da missão, retorna a Paris em fins de dezembro.

Em 1956, retorna à pátria, no gozo de licença-prêmio. Nasce sua filha, Luciana. A convite de Jorge Amado, colabora no quinzenário "Para Todos", onde publica, na primeira edição, o poema 
O operário em construção. A peçaOrfeu da Conceição é encenada no Teatro Municipal, que aparece também em edição comemorativa de luxo, ilustrada por Carlos Scliar. As músicas do espetáculo são de autoria de Antônio Carlos Jobim, dando início a uma parceria que, tempos depois, com a inclusão do cantor e violonista João Gilberto, daria início ao movimento de renovação da música popular brasileira que se convencionou chamar  de bossa nova. Retorna ao posto, em Paris, no final do ano.

Publica 
Livro de Sonetos, em edição de Livros de Portugal, em 1957. É transferido da Embaixada em Paris para a Delegação do Brasil junto à UNESCO. No final do ano é transferido para Montevidéu, regressando, em trânsito, ao Brasil.

Em 1958, sofre um grave acidente de automóvel. Casa-se com Maria Lúcia Proença. Parte para Montevidéu. Sai o LP "Canção do amor demais", de músicas suas com Antônio Carlos Jobim, cantadas por Elizete Cardoso. No disco ouve-se, pela primeira vez, a batida da bossa nova, no violão de João Gilberto, que acompanha a cantora em algumas faixas, entre as quais o samba "Chega de saudade", considerado o marco inicial do movimento.

1959 marca o lançamento do LP "Por toda a minha vida", de canções suas com Jobim, pela cantora Lenita Bruno. Casa-se sua filha Susana.

No ano seguinte, retorna à Secretaria de Estado das Relações Exteriores. Em novembro, nasce seu neto Paulo. Sai a segunda edição de sua 
Antologia Poética, uma edição popular da peça Orfeu da Conceição  e Recette de femme et autres poèmes, tradução de Jean-Georges Rueff.

Começa a compor com Carlos Lyra e Pixinguinha. Aparece 
Orfeu negro, em tradução italiana de P. A. Jannini, em 1961.

Dá início à composição de uma série de afro-sambas, em parceria com Baden Powell, entre os quais "Berimbau" e "Canto de Ossanha". Com Carlos Lyra, compõe as canções de sua comédia musicada 
Pobre menina rica. Em agosto desse ano, 1962, faz seu primeiro show, que obteve grande repercussão, ao lado de Jobim e João Gilberto, na boate "Au Bon Gourmet", iniciando a fase dos "pocket-shows", onde foram lançados grandes sucessos internacionais como "Garota de Ipanema" e "Samba da benção". Na mesma boate, faz apresentação com Carlos Lyra para apresentar "Pobre menina rica", ocasião em que é lançada a cantora Nara Leão. Compõe, com Ary Barroso, as últimas canções do grande mestre da MPB, como "Rancho das Namoradas". É lançado o livro Para viver um grande amor. Grava, como cantor, um disco com a atriz e cantora Odete Lara.

Em 1963, inicia uma parceria que produziria grandes sucessos com Edu Lobo. Casa-se com Nelita Abreu Rocha e retorna a Paris, assumindo posto na Delegação do Brasil junto à UNESCO.

No início da revolução de 1964, retorna ao Brasil e colabora com crônicas semanais para a revista "Fatos e Fotos", ao mesmo tempo em que assinava crônicas sobre música popular para o "Diário Carioca". Começa a compor com Francis Hime. Com Dorival Caymmi, participa de show muito sucesso na boate Zum-Zum, onde lança o Quarteto em Cy. Desse 
show é feito um LP.

1965 marca o lançamento de 
Cordélia e o peregrino, em edição do Serviço de Documentação do Ministério de Educação e Cultura. Ganha o primeiro e segundo lugares do I Festival de Música Popular de São Paulo, da TV Record, em canções de parceria com Edu Lobo e Baden Powell. Parte para Paris e St. Maxime para escrever o roteiro do filme "Arrastão". Indispõem-se com o diretor e retira suas músicas do filme. Parte de Paris para Los Angeles a fim de encontrar-se com Jobim. Muda-se de Copacabana para o Jardim Botânico, à rua Diamantina, 20. Começa a trabalhar no roteiro do filme "Garota de Ipanema", dirigido por Leon Hirszman. Volta ao show com Caymmi, na boate Zum-Zum.

No ano seguinte é lançado o livro 
Para uma menina com uma flor. São feitos documentários sobre o poeta pelas televisões americana, alemã, italiana e francesa. Seu "Samba da benção", em parceria com Baden Powell, é incluído, em versão do compositor e ator Pierre Barouh, no filme "Un homme... une femme", vencedor do Festival de Cannes do mesmo ano. Vinicius participa do juri desse festival.

Em 1967, sai a sexta edição de sua 
Antologia Poética e a segunda de Livro de Sonetos (aumentada). Faz parte do júri do Festival de Música Jovem, na Bahia. Ocorre a estréia do filme "Garota de Ipanema". É colocado à disposição do governo de Minas Gerais no sentido de estudar a realização anual de um Festival de Arte em Ouro Preto.

Falece sua mãe, em 25 de fevereiro de 1968. Aparece a primeira edição de sua
Obra Poética. Seus poemas são traduzidos para o italiano por Ungaretti.

Em 1969, é exonerado do Itamaraty. Casa-se com Cristina Gurjão, com quem tem uma filha chamada Maria.

No ano seguinte, casa-se com a atriz baiana Gesse Gessy. Inicia parceria com o violonista Toquinho.

Em 1971, muda-se para Salvador, Bahia. Viaja pela Itália, numa espécie de auto-exílio. No ano seguinte, com Toquinho, lança naquele país o LP "Per vivere un grande amore".
A Pablo Neruda é lançado em 1973. Trabalha, no ano seguinte, no roteiro, não concretizado, do filme "Polichinelo". Participa de show com Toquinho e a cantora Maria Creuza, no Rio. Confirmando os boatos de que o governo o perseguia, excursiona pela Europa e grava dois discos na Itália com Toquinho, em 1975.

Em 1976, novo casamento, agora com Marta Rodrigues Santamaria. Escreve as letras de "Deus lhe pague", em parceria com Edu Lobo.

Participa de 
show na casa de espetáculos "Canecão", no Rio, com Tom Jobim, Toquinho e Miúcha.  Grava um LP em Paris, com Toquinho, em 1977.

No ano seguinte, excursiona com Toquinho pela Europa. Casa-se com Gilda de Queirós Matoso.

Em 1979, participa de leitura de poemas no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), a convite do líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva. Voltando de viagem à Europa, sofre um derrame cerebral no avião. Perdem-se, na ocasião, os originais de 
Roteiro lírico e sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
No dia 17 de abril de 1980, é operado para a instalação de um dreno cerebral. Morre, na manhã de 09 de julho, de edema pulmonar, em sua casa na Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher. Extraviam-se os originais de seu livro O deve e o haver.
Lançado postumamente, no  Livro de Letras, publicado em 1991, estão mais de 300 letras de músicas de autoria de Vinícius, com melodias suas e de um sem número de compositores, ou parceirinhos, como carinhosamente os chamava.

Em 1992, é lançado um livro que hibernou anos junto ao poeta: 
Roteiro Lírico e Sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, onde Nasceu, Vive em Trânsito e Morre de Amor o Poeta Vinicius de Moraes.
No ano seguinte, uma coletânea de poesias é publicada no livro As Coisas do Alto - Poemas de Formação, mostrando a processo de formação do poeta, que é uma descida do topo metafísico à solidez do cotidiano.

Em 1996, é lançado livro de bolso com o título 
Soneto de Fidelidade e outros poemas, a preços populares. Essa publicação fica diversas semanas na lista dos mais vendidos, o que vem mostrar que mesmo após 16 anos de seu desaparecimento, sua poesia continuava viva entre nós.

Em 2001, a industria de perfumes Avon lança a "Coleção Mulher e Poesia - por Vinicius de Moraes", com as fragrâncias "Onde anda você", "Coisa mais linda", "Morena flor" e "Soneto de fidelidade".

Inconstante no amor (seus biógrafos dizem que teve, oficialmente, 09 mulheres), um dia foi questionado pelo parceiro Tom Jobim: "Afinal, poetinha, quantas vezes você vai se casar?".

Num improviso de sabedoria, 
Vinicius respondeu: "Quantas forem necessárias."

No dia 08/09/2006, é homenageado pelo governo brasileiro com sua reintegração 
post mortem aos quadros do Ministério das Relações Exteriores, ocasião em que foi inaugurado o "Espaço Vinicius de Moraes" no Palácio do Itamaraty - Rio de Janeiro (RJ).